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Quando o invisível me tomou pela mão

Naquela noite, que parecia apenas mais uma entre tantas discussões comuns da vida, eu desviei do mundo conhecido e mergulhei no mistério sagrado.

Não sou do tipo que engole o que não entende. Nunca fui.

Sempre precisei ver com os próprios olhos, sentir com o coração, provar com a pele.

Talvez por tudo o que vivi antes — tantas visões, sonhos, pressentimentos — eu duvidava de mim. No fundo, queria uma prova.

Aos 15 anos, eu escrevia muito.

Era apaixonada. Adolescente. Os sentimentos transbordavam em forma de poesia.

Minha professora dizia: "Escreva um diário, faça um livro!"

Mas eu não acreditava em mim.

Rebelde, curiosa, intensa.

E foi essa mistura de rebeldia e curiosidade que, naquela noite, me levou literalmente ao chão.

De repente, não estava mais aqui.

O mundo ao meu redor se apagou, e tudo se tornou escuro, nebuloso.

Eu ouvia as orações da minha mãe e do casal de amigos, mas era como se estivessem muito longe.

Meu corpo não obedecia.

Não conseguia levantar.

Não conseguia falar.

Era como se uma força invisível me prendesse ao chão.

Eu lutava.

Tentava resistir.

Mas era maior do que eu.

Foi então que ouvi uma voz — talvez da minha mãe — perguntando com fé:


"Quem é mais forte do que Deus?"


E ouvi a resposta ecoar:


"Ninguém."


Naquele instante, com tudo o que me restava de consciência, me agarrei a essa força.

No silêncio da alma, supliquei:

"Deus, me liberta dessas amarras. Me mostra com pureza o que eu preciso ver."

E, ao fazer esse pedido, chorei.

Chorei como nunca havia chorado antes.

Então, bem ao longe, ouvi um sussurro…

Um canto suave, hipnótico.

Parecia vindo de fora.

Depois, percebi que era de dentro de mim.

Minha alma estava cantando.

Meu corpo ainda estava no chão, mas eu já conseguia me mover.

Sentei. Mexi os braços.

As correntes invisíveis já não me prendiam.

Mas o choro precisava sair — e saiu.

Profundo, curativo, cheio de séculos de dor.

E quando o silêncio chegou, veio outra onda de energia.

Fui arrastada de um lado ao outro, sem controle.

Os movimentos do meu corpo eram involuntários.

Eu não falava, não reagia.

Apenas me movia, como se estivesse sendo conduzida por algo maior.

Nessa altura, eu já não via mais nada.

Não era escuridão — mas também não havia luz.

Era como um estado entre mundos.

Não havia dor, nem medo.

Apenas sensação, som, e entrega.

E assim foi… por toda a noite.

Quando voltei, estava exausta.

Chorei mais uma vez.

Tomei água.

Fui para a cama em silêncio, sem dizer uma palavra.

Não queria falar.

Não queria ouvir.

Era como se tivesse acordado de um sonho.

Mas eu sabia: não era um sonho.

Foi real.

No dia seguinte, já tarde, ao me olhar no espelho e ver meu corpo…

Joelhos inchados, hematomas por todo lado, a voz rouca como se tivesse gritado a noite inteira…

Entendi que algo extraordinário havia acontecido.

Sentei com minha mãe.

Ela tentou me explicar.

Eu ouvi.

Comecei a compreender pequenas peças do quebra-cabeça, mas nada fazia sentido completo ainda.

Havia feridas físicas, havia dúvidas espirituais…

Tive que imobilizar minhas duas pernas porque trinquei os dois joelhos.

Foram três meses de licença, seguidos de fisioterapia.

E nesse tempo, surgiram as primeiras pistas do que aquilo poderia ser.

Explicações vagas, palavras novas, fenômenos que nunca haviam sido ditos claramente antes.

Mas agora, com o tempo, eu entendo.

Em breve

, vou contar o que realmente aconteceu comigo naquela noite.

E qual o nome que se dá a esse fenômeno que mudou para sempre a minha vida.

 
 
 

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